- A primeira, muito cara à uma aproximação do que chamei “universo simbólico do crime e do rap” - repertório de signos e imagens que povoam leitura reflexiva de Washington sobre sua vida louca e arriscada no crime - é o álbum “O Rap é Compromisso” (2000) de Sabotage, rapper que representa um dos expoentes na linguagem do rap nacional e que consegue colocar a questão da pobreza e violência na favela onde viveu de maneira extremamente poética e muitas vezes lúdica em seus versos. Suas músicas são na verdade crônicas sobre o cotidiano da favela do Canão, no Brooklin, que fica na parte pobre da Zona Sul de São Paulo, próximo ao Jardim Ângela. Rimador habilidoso e cronista sagaz, Sabotage assim como Washington já trabalhou no tráfico, proximidade que facilmente transparece em sua intimidade ao tratar do crime. A conduta do respeito (modo de reconhecer as necessidades e sofrimentos do outro. "Respeito é pra quem tem") e os limites do comportamento e a proposição de igualdade são as noções que veiculam a relação com o outro. Ao contrário de Washington, Sabotage também foi baleado covardemente mas não sobreviveu, encerrando sua breve carreira que é tomada como marco e referência na produção de rap nacional, influenciando a maioria do que veio depois.
Mais info: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sabotage_(cantor)
[01] Introdução
[02] Rap é Compromisso
[03] Um Bom Lugar
[04] No Brooklin
[05] Cocaína
[06] Na Zona Sul
[07] A Cultura
[08] Incentivando o Som
[09] Respeito é Pra Quem Tem
[10] País da Fome
[11] Cantando pro Santo
LINK: http://www.easy-share.com/1908540481/Sabotage-Rap.e.Compromisso.rar
- A segunda, é o primeiro álbum da carreira solo de Arnaldo Antunes, Nome (1993). Neste disco com canções e exerimentações poético-sonoras, o músico/poeta vanguardista coloca relações com o outro, analisadas de forma lingüística, jogando com a forma como as palavras nos acessam os outros que povoam a nossa existência.
Oi Daniel, obrigada por compartilhar essas "leituras auditivas"! Certamente contribuem para nossa discussão, eu não conhecia o disco do Sabotage, vou ouvir. O discurso rítmico do rap pode mesmo ser de uma complexidade singular - nem sempre os filmes conseguem, entretanto, dar conta dessa complexidade... eis a questão! E o Arnaldo, sou fã, ele sabe bem o que é o vôo, na ave (como gostava de dizer meu professor de semiótica). Continuamos a conversa na quinta, até lá!
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